A.C.Camargo Next Frontiers

Dados do Resumo


Título

Desigualdades socioeconômicas no câncer colorretal na região centro-oeste do Brasil, uma serie ecológica de 1990-2019.

Introdução

O câncer colorretal (CCR) é o terceiro câncer mais incidente em homens no mundo, e o segundo mais comum em mulheres. No Brasil, excluindo-se os tumores de pele não melanomas, o CCR é o segundo câncer mais incidente. Em 2020, ocorreram 9.438 mortes (taxa de 10,3/100 mil) e 9.767 (taxa de 7,9/100 mil) mortes por CCR em homens em mulheres brasileiros respectivamente. Estudos mostram disparidades na incidência, prognóstico e sobrevida quando associados com fatores socioeconômicos, ou seja, indivíduos socioeconomicamente desfavorecidos com câncer possuem pior prognostico da doença.

Objetivo

Descrever e correlacionar as taxas de incidência, prevalência, mortalidade e Anos de Vida Perdidos Ajustados por Incapacidade (Disability-adjusted life year – DALY) por CCR com o indice sociodemográfico - Socio-Demographic Index (SDI) por sexo e Unidades da Federação (UF) da região centro-oeste do Brasil e Brasil, no período de 1990 a 2019.

Métodos

Estudo ecológico, com análise de série temporal das taxas e tendências de incidência, prevalência, mortalidade e DALY por CCR, em indivíduos com 30 anos e mais, segundo sexo, e Unidades Federadas (UF) da região centro-oeste (Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) do Brasil e Brasil, de 1990 a 2019, com dados corrigidos e estimados pelo Global Burden of Diseases Study 19 (GBD19). As tendências dos indicadores foram estimadas pela mudança percentual média anual (AAPC) e intervalo de confiança de 95% (IC 95%), por regressão de joinpoint. Para a correlação dos indicadores com o índice de desenvolvimento humano foi usado o indicador de desenvolvimento humano – Socio-Demographic Index (SDI) – obtido também pelo GBD19, por meio da correlação de Pearson.

Resultados

Na análise das taxas padronizadas por idade/100.000 habitantes, nota-se que o sexo masculino, possui as maiores taxas em todas as UF e Brasil, e o Distrito Federal (DF) é a UF que apresenta as maiores taxas de 2019 em todos os indicadores estudados, em ambos os sexos. Quanto à AAPC observou-se que o DF e Goiás (GO) apresentaram diminuição e os menores aumentos anuais ao longo do período analisado nos indicadores de incidência, mortalidade e DALY, e elevação na prevalência em ambos os sexos, com maior intensidade no sexo feminino. Na correlação entre o SDI e as taxas de CCR, verificou-se forte associação positiva na incidência e prevalência, em ambos sexos, para Brasil e todas as UF do centro-oeste, com exceção das taxas de mortalidade e DALY, que apresentaram fraca associação positiva ou nenhuma associação. Destaca-se ainda que o grupo feminino do DF foi o único a apresentar correlação negativa significativa (r = -0,45; p = 0,01) e um AAPC em declínio de -0,4% ao ano (IC 95%: -0,6; -0,2) no indicador DALY.

Conclusões

As taxas elevadas,podem ser explicadas devido ao intenso desenvolvimento e urbanização do centro-oeste e Brasil, aumentando o acesso à fatores de risco e a ampliação do acesso à saúde, resultando em mais notificações de novos casos. Analisando as taxas de prevalência e a correlação do SDI com DALY em regiões com maior SDI, observa-se que ambos refletem o melhor acesso à saúde, possível resultado de políticas públicas mais eficazes para prevenção, rastreamento e tratamento, além de contribuírem para a obtenção de dados de maior qualidade.

Financiador do resumo

CAPES

Palavras Chave

Câncer Colorretal; Epidemiologia analítica; Fatores socioeconomicos

Área

4.Epidemiologia e Prevenção

Autores

Anelise Camila Schaedler, Max Moura de Oliveira