A.C.Camargo Next Frontiers

Dados do Resumo


Título

Letalidade da infecção por COVID-19 em pacientes oncológicos em um Cancer Center Brasileiro

Introdução

O vírus SARS-COV-2 é altamente transmissível e representa um risco para pacientes oncológicos, que são mais suscetíveis a infecções e a desfechos graves da COVID-19 quando infectados. A vacinação desses pacientes tem demonstrado efeito positivo, reduzindo o risco de hospitalização e morte, mesmo em casos em que os níveis de anticorpos estão diminuídos devido ao tratamento com quimioterapia, imunoterapia, terapia direcionada ou terapia hormonal.

Objetivo

Analisar a mortalidade por COVID-19 em pacientes oncológicos, em um centro de câncer brasileiro após a implementação de programas de vacinação.

Métodos

Trata-se de um estudo transversal, que utilizou dados de pacientes oncológicos que testaram positivo para COVID-19 entre 1 de março de 2021 a 31 de janeiro de 2022. Os dados sociodemográficos, clínicos e de vacinação foram extraídos dos prontuários eletrônicos do A.C. Camargo Cancer Center. A topografia foi classificada utilizando a Classificação Internacional de Doenças para Oncologia, Terceira Edição (CID-O3), para sólidos considerou-se: mama, órgãos digestivos, pulmão e órgãos respiratórios, próstata, os demais como colorretal, trato urinário, genitais femininos, tecidos moles, ossos e cartilagens, lábio, cavidade oral e faringe, sistema nervoso central, glândulas endócrinas, genital masculina, pele não-melanoma e pele melanoma que foram agrupados como outros sólidos. Para tumores hematológicos foram classificados: leucemias, linfomas e mieloma múltiplo. A taxa de letalidade para COVID-19 foi calculada para cada topografia de câncer dividindo o número de mortes por COVID-19 pelo número total de casos de pacientes com diagnóstico de COVID-19, e aplicada a técnica de regressão logística múltipla para elucidar a associação entre a variável dependente (óbito por COVID-19) e as variáveis independentes.

Resultados

Entre março de 2021 e janeiro de 2022, dos 689 pacientes oncológicos com COVID-19, a taxa de letalidade foi de 11%. A taxa de letalidade foi mais alta nos tumores hematológicos (20%), principalmente entre os pacientes com mieloma múltiplo (27%). Para os tumores sólidos, a letalidade foi de 9%, e desses a maior taxa de letalidade foi para câncer de pulmão ou órgãos respiratórios (34%). Na análise de regressão logística univariada para pacientes com tumores sólidos a idade ≥60 anos, sexo masculino, câncer de pulmão e órgãos digestivos, estadiamento avançado, tratamento paliativo, tabagismo/ex-tabagismo e múltiplas comorbidades foram associados a uma maior chance de morte por COVID-19, enquanto a vacinação da segunda e terceira dose apresentou uma diminuição da chance de óbito. Na análise de regressão logística múltipla, apenas vacinação da segunda dose e esquema completo permaneceu associada a uma menor chance de morte, e o pior desempenho funcional (ECOG) aumentou a chance de óbito por COVID19. Nos pacientes com tumores hematológicos, na análise de regressão logística univariada a idade entre 50 e 59 anos, transplante de medula óssea e tratamento paliativo foram associados a uma maior chance de morte por COVID-19, enquanto a conclusão do esquema vacinal foi associada a uma menor chance. Na análise múltipla apenas a dose de reforço da vacina apresentou uma redução significativa na chance de óbito por COVID-19.

Conclusões

Redução da mortalidade com 02 a 03 doses da vacina.

Palavras Chave

Covid-19 Vaccination; Câncer; mortality

Área

4.Epidemiologia e Prevenção

Autores

PAOLA ENGELMANN ARANTES, Maria Paula Curado, Gisele Aparecida Fernandes