Dados do Resumo
Título
DESIGUALDADES RACIAIS NA SOBREVIDA DO CÂNCER DE OROFARINGE
Introdução
Foram estimados no ano de 2022, cerca de 52.300 casos de câncer de orofaringe no mundo e no Brasil 5.648 casos e 3.495 mortes. O consumo de tabaco e bebidas alcoólicas e a presença do HPV+ são fatores de risco associados. A sobrevida é maior nos pacientes HPV+. Entretanto pouco se sabe sobre a influência da raça e esta neoplasia no Brasil.
Objetivo
Estimar a sobrevida global de pacientes com carcinoma de células escamosas de orofaringe segundo raça/cor em um estudo retrospectivo de 2000 a 2023.
Métodos
Estudo de coorte retrospectivo de pacientes com diagnóstico de carcinoma de células escamosas em orofaringe no período de 2000 a 2023, no A.C.Camargo Cancer Center. A sobrevida foi calculada conforme o status vital da data do diagnostico a data do último contato do paciente. A sobrevida no primeiro, terceiro e quinto anos foi calculada pelo método de Kaplan-Meier. O teste Log-rank foi aplicado para medir as diferenças entre as curvas. A regressão de Cox foi utilizada para analisar as variáveis explicativas na associação (HR) e seu respectivo intervalo de confiança 95% (IC95%). Os valores estatísticos de p<0.20 foi utilizado como referência para seleção das variáveis na análise múltipla. Para o processamento dos dados coletados, foi utilizado o programa estatístico SPSS 25 (Statistical Package for the Social).
Resultados
Foram analisados 1024 participantes, destes 18.4% eram pardos ou pretos e 80.6% brancos. Eram homens 82.8%, com idade acima de 61 anos (56.1%). O subsítio base de língua foi a topografia mais frequente (33.9%), com estadiamento avançado IV (55.0%). Eram ex tabagistas 38.5% e etilistas 46.5%. Em uma subamostra (397), 65.5% testaram HPV+. Pacientes de cor branca tiveram sobrevida de 86% aos 12 meses e 65% aos 36 meses. Aos 60 meses não houve diferença na sobrevida quanto a raça. Entretanto na regressão multipla observamos que pacientes de cor preta/parda com metástase tiveram risco 2.78 vezes maior de morte. O T3/T4 teve 1.98 vezes maior chance de óbito. Os participantes atendidos no Sistema Único de Saúde (SUS) tiveram 2.46 vezes maior chance de morte. Os pacientes brancos o com escolaridade entre 9-11 anos tiveram 4.47 vezes maior risco de morte.
Conclusões
Observou-se maior risco de morte em pacientes com cancer de orofaringe de cor preta/parda. Brancos tiveram maior sobrevida aos 12 e 36 meses. Enquanto que aos 60 meses não houve diferença na sobrevida entre as raças.
Financiador do resumo
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES)
Palavras Chave
Epidemiologia; Neoplasias de Cabeça e Pescoço; Fatores Raciais
Área
4.Epidemiologia e Prevenção
Autores
BARTOLOMEU CONCEIÇÃO BASTOS NETO, Dandara Menezes Araujo Oliveira, Matheus de Abreu, Luiz Paulo Kowalski, Maria Paula Curado