Dados do Resumo
Título
Impacto da Exposição a Agrotóxicos no Prognóstico do Câncer de Mama: Análise Preliminar
Introdução
O câncer de mama é uma das principais causas de mortalidade entre mulheres em todo o mundo, com fatores ambientais com papel significativo na etiologia da doença. Estudos recentes têm sugerido que exposição ocupacional a agrotóxicos pode ser um fator de risco relevante, devido às propriedades carcinogênicas desses compostos e ao potencial de indução de mutações do material genético. Este estudo visa comparar os perfis clínico-patológicos de pacientes expostas e não expostas aos agrotóxicos, para compreender os efeitos da exposição em marcadores moleculares e no prognóstico.
Objetivo
Analisar comparativamente os perfis clínico-patológicos de pacientes com câncer de mama expostas e não expostas ocupacionalmente agrotóxicos.
Métodos
Neste estudo, foram analisadas 106 amostras de tumores primários de pacientes com diagnóstico de carcinoma ductal invasivo de mama, coletadas no Hospital do Câncer de Francisco Beltrão (PR) antes do início do tratamento. Dados clínico-patológicos, exposição a agrotóxicos, desfecho clínico (recorrência e óbito), índice de massa corpórea (IMC), avaliação imuno-histoquímica de Ki67 e receptores hormonais (progesterona, estrógeno e HER2), grau histológico, tamanho tumoral, subtipo molecular, status menopausal e idade de início da doença foram extraídos dos prontuários médicos. Somente pacientes que consentiram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) participaram do estudo, que foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (nº 5.303.328, CAAE: 355248114.4.0000.0107). Com base nesses dados, as pacientes foram classificadas em dois grupos: expostas e não expostas aos agrotóxicos. A análise dos dados foi realizada usando os seguintes programas: LibreOffice Calc (24.2) e R (4.4).
Resultados
Os dados de 106 pacientes com carcinoma ductal invasivo foram examinados em ambos grupos: expostas (55,7%) e não expostas (44,3%) a agrotóxicos. A análise revelou que pacientes expostas apresentaram maior prevalência de receptores hormonais positivos (ER, PR e HER2) e uma maior expressão do marcador Ki67. O subtipo mais frequente entre as expostas foi Luminal B (60,5%) seguido do Triplo Negativo (57.1%), enquanto nas não expostas prevaleceu o subtipo Luminal A (53,6%). Além disso, tumores maiores que 2 cm são mais comuns nas pacientes expostas (59,2%). O grupo exposto também apresentou maior prevalência de pacientes com idade inferior a 50 anos (59,1%) e IMC superior a 30 (78,6%). Em termos de desfechos clínicos, a incidência de óbito foi menor entre as pacientes expostas (42,9%), assim como a recorrência (48,1%). Estes achados sugerem que a exposição ocupacional a agrotóxicos pode estar associada a um perfil clínico-patológico mais agressivo e pior prognóstico no câncer de mama.
Conclusões
Os resultados indicam que a exposição ocupacional a agrotóxicos está associada a um perfil clínico-patológico mais agressivo no câncer de mama, caracterizado por maior prevalência de tumores maiores, subtipos moleculares mais agressivos, e maior expressão de Ki67. Embora a taxa de mortalidade tenha sido menor no grupo exposto (estudo longitudinal em fase preliminar), a associação com características adversas sugere que a exposição a agrotóxicos pode influenciar negativamente o prognóstico da doença.
Financiador do resumo
CNPq
Palavras Chave
Cancer de mama; exposição ocupacional; Agrotóxicos
Área
4.Epidemiologia e Prevenção
Autores
MATEUS LUCAS FALCO, RAFAELA ROSA-RIBEIRO, DAVID LIVINGSTONE ALVES FIGUEIREDO, Carolina Panis, Emerson Carraro, Amanda Razera, Lidiane Aparecida Fernandes, Camila Rickli, Christopher William Lee