Dados do Trabalho


Título

ÂNGULO DE FASE COMO MARCADOR PROGNÓSTICO DE DESFECHOS CLÍNICOS EM CIRURGIAS COLORRETAIS POR CÂNCER.

Introdução

Os tumores gastrointestinais impactam significativamente o estado nutricional. Cerca de 20% dos pacientes com câncer morrem devido a desnutrição e os que necessitam de cirurgia eletiva por neoplasia do trato digestório destacam-se entre os mais vulneráveis. Considerando o risco de desnutrição nesses pacientes, o Ângulo de Fase tem sido utilizado como um marcador prognóstico e indicador sensível de desnutrição, direcionando a criação de estratégias e intervenções nutricionais mais assertivas.

Objetivo

Avaliar as modificações clínicas e metabólicas em pacientes cirúrgicos com diagnóstico de câncer colorretal, utilizando como marcador o ângulo de fase (AF°) por Bioimpedância Elétrica (BIA), a fim de aprimorar o protocolo de avaliação nutricional de pacientes oncológicos.

Métodos

Estudo longitudinal, observacional, realizado no período de fevereiro a julho de 2023 em um Centro de Referência em Oncologia no Norte brasileiro. A amostra incluiu 16 pacientes diagnosticados com câncer colorretal, admitidos no serviço de cirurgia oncológica da instituição. O AFº foi determinado por meio da BIA. O estado nutricional foi avaliado através da avaliação subjetiva global (ASG), do índice de massa corporal (IMC), circunferências e dobras, avaliados comparativamente ao AFº. Os pacientes foram avaliados em 4 momentos distintos, sendo o momento 1: a primeira consulta do paciente na instituição, o momento 2: pré-operatório no dia da internação, momento 3: pós-operatório imediato, no dia da alta hospitalar, e o momento 4: pós-operatório tardio, 30 dias após a cirurgia. As complicações operatórias foram classificadas de acordo com a escala de Clavien-Dindo. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, sob número de parecer 5.870.670.

Resultados

A média de idade foi de 68,9 anos e 60% eram homens, sendo a neoplasia maligna de reto a mais prevalente (43,7%). Verificou-se que 50% dos pacientes apresentaram desnutrição moderada ou suspeita pela avaliação subjetiva global, 25% apresentaram desnutrição de acordo com o IMC e 31,25% apresentaram baixo peso segundo a CMB. A média do AFº geral dos pacientes foi de 5,0º. As médias dos valores de AFº foram significativamente menores para mulheres (Feminino=4,2º, Masculino=5,2º), e para indivíduos com idade ≥70 (18-69=5,3º; ≥70=4,6º). Tumores de lado direito obtiveram menores valores de AFº e maior grau de complicações em relação ao lado esquerdo (D=4,4º, grau III; E=5,2º, grau I). Tumores de cólon ascendente obtiveram menor média de AFº de todos os tumores avaliados. Os pacientes classificados de acordo com o ASG com desnutrição suspeita, moderada e grave obtiveram menores valores de AFº. Houve associação entre maiores valores de ângulo de fase e menores complicações no pós-operatório.

Conclusões

Houve concordância aos poucos estudos realizados abordando esta temática em relação aos mecanismos que envolvem o Ângulo de Fase. Valores maiores de AFº estiveram associados a menores complicações pós-operatórias e a diagnósticos com prognóstico superior preconizados. O estudo revelou que o AFº sofreu alterações em função do sexo e idade e que houve prevalência de pacientes com baixo ângulo de fase e maiores complicações pós-operatórias, assim como, o promissor papel prognóstico do AFº no CCR.

Palavras-chave

estado nutricional; câncer colorretal; prognóstico.

Financiador do resumo

FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DO AMAZONAS - FAPEAM

Área

Estudo Clínico - Tumores Colorretais

Autores

KAMYLLE OLIVEIRA DE MELO, Nayara Sousa Castro, Abner Souza Paz, Valquiria do Carmo Alves Martins