Dados do Trabalho


Título

Apresentação do carcinoma lobular invasivo da mama: correlação entre dados clínicos, de imagem e anatomopatológicos

Introdução

O carcinoma lobular invasivo (CLI) representa 15% dos carcinomas mamários invasivos e sua maior importância deve-se ao fato de apresentar tendência ao diagnóstico tardio. O CLI clássico se caracteriza pelo baixo grau nuclear e crescimento indolente através dos exames de imagem, geralmente na forma de lesão espiculada, assimetria focal ou distorção arquitetural aos exames de imagem. Nos últimos anos, a Ressonância Magnética (RM) provou ser um complemento útil à mamografia e ultrassonografia na detecção e manejo do CLI, com sensibilidade de aproximadamente 95%, além de demonstrar o aspecto multicêntrico e multifocal da doença, bem como na estimativa do tamanho do tumor, que tende a ser subestimada com imagem convencional.

Objetivo

Avaliar as diferentes apresentações do CLI, correlacionando dados clínicos, de imagem e anatomopatológicos, permitindo maior entendimento deste subtipo especial de carcinoma mamário invasivo.

Métodos

Estudo de coorte retrospectivo, observacional, unicêntrico, que foi desenvolvido no Departamento de Imagem do A.C.Camargo Cancer Center, aprovado pelo comitê de ética da mesma instituição, o qual inclui pacientes com câncer de mama que realizaram ressonância magnética (RM) das mamas no mesmo departamento antes do início do tratamento, no período de 2019 a 2021.

Resultados

Foram analisados os perfis de 44 pacientes com carcinoma lobular invasivo da mama, o qual consistiu em mulheres em peri ou pós menopausa, com idade média 58,39 anos ao diagnóstico. A lesão foi identificada clinicamente em exame de rotina (n=28) no qual a queixa principal foi nódulo palpável unifocal (n=13), sem mutação genética identificada (n=33). Não houve predomínio significativo entre mama esquerda e/ou direita. A maioria não passou por tratamento neoadjuvante, sendo realizado tratamento cirúrgico por mastectomia (n=24) e análise de linfonodo sentinela, seguido por hormonioterapia. Ao acompanhamento, não houve óbitos e apenas quatro pacientes apresentaram recidiva ou metástase à distância pós-tratamento. Dos dados anatomopatológicos, as lesões na sua maioria apresentaram-se de distribuição segmentar, com margem e formato irregulares e de subtipo lobular clássico, sem comprometimento de cadeia linfonodal. Após análise estatística comparativa sobre os exames de imagem e o método padrão-ouro (análise patológica), a RM mostrou-se a técnica com maior proximidade do tamanho da lesão sobre os exames de imagem e a análise anatomopatológica pós-cirúrgica, de estadiamento TNM, e do maior BIRADS.

Conclusões

Dos cruzamentos, pacientes diagnosticados em exame de rotina, quando comparado aos pacientes que apresentavam queixa clínica, tiveram: menor frequência de acometimento axilar (21,4% x 68,8%) - p=0,005, maior frequência de estadiamento T0 ou T1 (77,8% x 14,2%) - p<0,001, e maior tamanho do tumor (média 54 mm x 26 mm) - p<0,001 . Subtipo Luminal A foi mais comum nos CLI clássicos (52,2%), quando comparado aos CLI pleomórficos (28,6%) ou misto (25,0%) - p=0,016. Assim, reforça-se a importância da realização de exames de rastreio, no qual as pacientes foram mais beneficiadas pelo método de ressonância magnética.

Palavras-chave

Neoplasias da Mama, Genes HER-2, Receptores de Estrogênio, Receptores de Progesterona

Financiador do resumo

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) / 132415/2022-4.

Área

Estudo Clínico - Tumores de Mama

Autores

JULIANNA MOURA FERREIRA, Almir Galvão Vieira Bitencourt