Dados do Trabalho


Título

Tumor triquilemal proliferante maligno: a importância de conhecê-lo

Introdução

O cisto triquilemal é comumente encontrado no couro cabeludo de mulheres de meia idade. Comportamento atípico e progressivo pode resultar na formação de um tumor triquilemal proliferante e, mais raramente, em sua transformação maligna (menos de 0,1% dos tumores de pele), derivado ou não de um cisto triquilemal pré-existente. Em função da sua raridade e comportamento incerto, pode ser de difícil diagnóstico, fazendo diferencial com diversas outras lesões da pele.

Objetivo

Apresentar um relato de dois caso de tumor triquilemal proliferante, diagnosticados em um mesmo serviço, ambos em região de couro cabeludo.

Métodos

Paciente feminina, 32 anos, procura serviço de cirurgia devido surgimento de lesão occipital esquerda de crescimento progressivo. Fez uso de diversos medicamentos locais. Exame físico mostrou nódulo de cerca de cinco centímetros e consistência endurecida. Interrogado cisto sebáceo, realizada ressecção e enviado para patologia sendo feito o diagnóstico de tumor triquilemal proliferante maligno com margens comprometidas. Realizada nova excisão com ampliação de margens. A nova peça manteve o diagnóstico, mas com as margens, agora, livres.
Paciente masculino, 67 anos, procura serviço de cirurgia devido lesão em couro cabeludo suspeita de cisto sebáceo. Realizada excisão e enviado para patologia sendo diagnosticada como tumor triquilemal proliferante com áreas de intensa atipia, sugerindo tumor triquilemal proliferante maligno. Devido escassa representação da derme, amostra superficial e fragmentada, recomendado exérese completa para melhor avaliação histológica. Paciente perdeu seguimento.

Resultados

O tumor triquilemal proliferante pode ser dividido em três grupos, de acordo com Ye et al. O grupo I, bem circunscrito, sem necrose ou mitoses atípicas, se comporta de maneira benigna. O grupo II tem focos de invasões locais, atipias e risco de recorrência local. O grupo III tem alto potencial de malignidade, padrão invasivo, atipias acentuadas, mitoses, necrose, potencial para recorrência local e metástase. As características que diferenciam o tumor triquilemal do cisto triquilemal incluem altas taxa mitótica, mitoses anormais, atipias e padrão infiltrativo. Um dos principais diferenciais que deve ser realizado é com o carcinoma de células escamosas. Ambos apresentam queratinização atípica e crescimento infiltrativo. No caso do triquilemal ocorre uma transição abrupta de epitélio queratinizado nucleado para anucleado, sem camada granular. O CD34 e o p53 podem ser úteis. O CD34 pode ser positivo nos triquilemais bem diferenciado e há relatos de perca de p53 nos casos mais agressivos.

Conclusões

Embora raro, em uma lesão com queratinização abrupta e crescimento acelerado deve-se ter como diagnóstico diferencial o tumor triquilemal proliferante; mesmo em casos que aparentam inicialmente benignos na clínica. Embora exista escassa evidência acerca da imunohistoquímica, há relatos na literatura de baixa expressão de p53 e positividade para CD34. A distinção é de suma importância para correto tratamento e acompanhamento do paciente.

Palavras-chave

Dermatopatologia, tumor triquilemal, câncer de pele

Financiador do resumo

Não há

Área

Estudo Clínico - Tumores Cutâneos

Autores

EMILIO MARTINS CURCELLI, RAFAELA MAGALHÃES RODRIGUES RIBEIRO, BRUNO YUGI FERNANDES TOI, NEUSA YURIKO SAKAI VALENTE, YASMIN FEITOSA GONÇALVES, HUGO PAGAN CILOTTI, MARIÂNGELA CRISTINA CRISPINO BARATA, FERNANDA GONÇALVES MOYA