Dados do Trabalho


Título

POLISSACARÍDEOS PROVENIENTES DO BAGAÇO DE GUAVIRA APRESENTAM ATIVIDADE ANTITUMORAL SOBRE CÉLULAS DE MELANOMA MURINO IN VITRO

Introdução

O melanoma é um tipo agressivo de câncer com incidência crescente em todo o mundo. Apesar dos esforços observados acerca do desenvolvimento de fármacos que possibilitem a cura e o aumento da taxa de sobrevida de pacientes acometidos, os tratamentos hoje existentes são custosos e causam diversos efeitos colaterais que impactam significativamente a qualidade de vida dos portadores da doença. No presente estudo, foram testados os efeitos antitumorais de polissacarídeos provenientes de restos agroindustriais de guavira (Campomanesia adamantium e Campomanesia pubescens) sobre células da linhagem de melanoma murino B16F10. O bagaço é compostos por porções da fruta, como casca, restos de polpa, pedúnculo e sementes, que são normalmente descartados, gerando toneladas de resíduos por ano. Os ensaios avaliaram a viabilidade, proliferação e morte por apoptose ou necrose. Os resultados mostraram que os polissacarídeos nas concentrações de 5 e 100 μg/ml foram capazes de reduzir significativamente a viabilidade das células tumorais, com menor efeito citotóxico sobre células normais (BALB/c 3T3) que o quimioterápico Doxorrubicina (p<0,05). A redução da viabilidade observada se deve pelo menos em parte à redução da capacidade proliferativa das células tumorais tratadas com as duas concentrações polissacarídicas. No ensaio por citometria de fluxo foi verificado que o tratamento com as duas concentrações polissacarídicas não aumentou o número de células mortas, sugerindo estagnação do ciclo celular. Juntos, os resultados indicam que polissacarídeos solúveis (pectinas) da farinha do bagaço de guavira apresentam importante atividade antitumoral, que pode vir a ser utilizada como terapia adjuvante no combate ao câncer.

Objetivo

O objetivo desta pesquisa foi avaliar, in vitro, a atividade antitumoral de pectinas provenientes de resíduos agroindustriais de guavira sobre linhagem de melanoma murino B16F10.

Métodos

Após 48 horas de tratamento, a viabilidade celular foi avaliada pelos ensaios de Neutral Red e Alamar Blue, comparando a citotoxicidade de duas concentrações da fração (5 e 100 μg/ml) sobre a linhagem de melanoma murino (B16F10) e sobre a linhagem Balb/c 3T3, de fibroblastos normais murinos, comparando os resultados com células tratadas com o quimioterápico Doxorrubicina. A avaliação dos efeitos sobre a proliferação da linhagem B16F10 foi feita nos tempos de 24, 48 e 72 horas pelo ensaio de Cristal Violeta. O ensaio de morte celular por apoptose ou necrose foi realizado em citometria de fluxo.

Resultados

Ambas concentrações da fração reduziram a viabilidade das células tumorais, com menor toxicidade sobre células normais que o quimioterápico Doxorrubicina. A proliferação também foi menor após o tratamento com as duas concentrações. No ensaio por citometria de fluxo, o tratamento não aumentou o número de células mortas, sugerindo que a redução no número total de células viáveis está relacionada com estagnação do ciclo celular.

Conclusões

Os resultados mostram atividade antitumoral de polissacarídeos solúveis obtidos da farinha de bagaço de guavira e menor toxicidade sobre as células normais. Contudo, o esclarecimento dos mecanismos moleculares envolvidos requer mais investigações, in vitro e in vivo.

Palavras-chave

Pectinas; melanoma; antitumoral.

Área

Estudo Clínico - Tumores Cutâneos

Autores

RAFAELLA FERNANDA ANGELI, Amanda Plaça Bialli, Suelen Cristina Soares Baal, Katya Naliwaiko, Felipe Figueiredo Weirich, Gabriel de Oliveira Franco, Fabíola Iagher