Dados do Trabalho
Título
Perfil epidemiológico dos casos de câncer registrados no estado de São Paulo segundo sexo no período de 2008 a 2017.
Introdução
Boletins epidemiológicos são de grande importância para a conscientização da população e criação de novas políticas para determinadas doenças e condições de saúde. Na oncologia, essas ferramentas são de grande importância também para monitorar e aplicar novas ações de saúde pública de rastreio e disponibilidade de tratamentos, e até mesmo redirecionar recursos de acordo com as Redes Regionais de Atenção à Saúde (RRAS) do estado. Além disso, uma visão estratificada por sexo também permite maior atenção a sinais e sintomas por parte da população.
Objetivo
Informar sobre os casos de câncer diagnosticados pelos hospitais da rede oncológica e hospitais gerais vinculados ao sistema de Registro Hospitalar de Câncer (RHC) da Fundação Oncocentro do Estado de São Paulo (FOSP), no período de 01 de janeiro de 2008 a 31 de dezembro de 2017.
Métodos
Todos os dados foram extraídos do Sistema do Registro Hospitalar de Câncer da Fundação Oncocentro de São Paulo, entre os anos de 2008 a 2017, que se encontram disponíveis de forma pública e anônima. Foram considerados os casos analíticos com idades maiores ou iguais a 20 anos de idade e excluídos os casos de câncer de pele não melanoma (Topografia C44, morfologias 8090 a 8110). Descrevemos as informações sobre os tumores mais frequentes para cada sexo, sendo ilustrados de forma mais detalhada o estadiamento clínico no momento do diagnóstico, o tempo entre o diagnóstico e o tratamento (porcentagem relativa aos casos com tempo maior que 60 dias, como preconizado pelo Ministério da Saúde), tipo de tratamento realizado e a porcentagem de óbitos dentro do período de análise.
Resultados
Para o sexo feminino, os tumores malignos mais frequentes foram mama, colorretal, colo de útero e tireóide. O estadiamento clínico ao diagnóstico foi de relativamente homogêneo para mama e colo de útero (estádios I, II e III) e colorretal (estádios II, III e IV), enquanto para tireóide foi de 76% para o estádio I. O tempo de diagnóstico e tratamento em 60% dos casos de colorretal ultrapassaram 60 dias. Durante o período, 50% dos casos de câncer de colo de útero foram a óbitos.
Para o sexo masculino, os tumores malignos mais frequentes foram próstata, colorretal, boca/orofaringe e pulmão. O estadiamento clínico ao diagnóstico foi de relativamente homogêneo para colorretal (estádios II, III e IV), enquanto para próstata foi de 61% para o estádio II, 58% e 64% para o estádio IV em pulmão e boca/orofaringe, respectivamente. O tempo de diagnóstico e tratamento em 71% dos casos de próstata ultrapassaram 60 dias. Durante o período 87% dos casos de câncer de pulmão foram a óbitos.
Conclusões
Os dados epidemiológicos refletem o cenário atual oncológico no estado de São Paulo. Concluímos certa carência no rastreio precoce da doença (colorretal em mulheres, pulmão e boca/orofaringe em homens). Também, o tempo entre diagnóstico e tratamento demonstra ser além do preconizado pelo Ministério da Saúde (maior que 60 dias), para colorretal em mulheres e próstata para homens. Por fim, os óbitos para câncer de pulmão poderiam ser reduzidos se houvessem mais homens em algum tipo de tratamento.
Palavras-chave
Boletim epidemiológico, Registro Hospitalar de Câncer, Câncer
Área
Epidemiologia e Prevenção
Autores
RHAISSA GODOI, Letícia de Miranda, Adriana Lima, Rafaela Picossi da Silva, Stela Verzinhasse Peres