Dados do Trabalho
Título
NOVAS POSSIBILIDADES ANTICÂNCER: PROSPECÇÃO DE SUBSTÂNCIAS NATURAIS BIOATIVAS PRODUZIDAS POR BACTÉRIAS MARINHAS
Introdução
Por mais que já se tenha uma variedade de medicamentos disponíveis para o tratamento do câncer, a grande taxa de resistência da doença somado ao seu perfil multifacetado destaca a persistente necessidade de busca por novos compostos eficazes e que atuem em diferentes alvos. Neste sentido, os produtos naturais representam uma excelente fonte de moléculas importantes com reconhecimento histórico para uso em diversas enfermidades, incluindo o câncer. Ainda mais promissor, o ambiente marinho se destaca por fornecer moléculas únicas que se diferem das encontradas no ambiente terrestre.
Objetivo
Assim dito, o presente trabalho propõe a exploração de substâncias com potencial atividade antitumoral em bactérias associadas a macro-organismos coletados em ARMS (Autonomous Reef Monitoring Structures) instalados na costa norte do litoral paulista. Os ARMS são estruturas fixas montadas para monitorar o assentamento e colonização de espécies crípticas presentes no ambiente recifal, sendo uma excelente amostragem de organismos com potencial biotecnológico.
Métodos
O material coletado foi plaqueado em diferentes meios de cultivo (SWA, TM e A1) para o isolamento das bactérias. As culturas puras foram crescidas em meio líquido, de onde foram separados materiais para depósito no banco de bactérias marinhas (MicroMarin), identificação molecular por sequenciamento de rDNA 16S e produção de extratos orgânicos utilizando solvente (acetato de etila, 1:1) por meio de separação líquido-líquido. Os extratos produzidos foram avaliados quanto ao efeito antiproliferativo utilizando o teste do MTT, contra três linhagens de células tumorais: HCT-116 (carcinoma colorretal), MCF-7 (adenocarcinoma de mama) e 501mel (melanoma metastático). Em uma triagem inicial qualitativa, as células tumorais foram tratadas com concentrações únicas de 50 e 5 µg/mL, sendo aqueles que demonstraram inibição do crescimento das células superior a 70% na menor concentração foram também submetidos a avaliação quantitativa do potencial inibitório em testes de concentrações seriadas para determinação da concentração inibitória média (CI50) do extrato.
Resultados
O processamento das amostras de ARMS para a recuperação de bactérias cultiváveis em laboratório renderam, até o presente momento, 56 cepas. O meio de cultivo A1 foi o que resultou em maior número de colônias isoladas (59%), seguido do meio TM (25%) e SWA (16%). Cerca 25% dos extratos testados em HCT-116 foram considerados ativos, enquanto essa porcentagem foi de 17% em MCF-7 e de 29% em 501mel. Dos resultados obtidos até o momento, a CI50 dos extratos ativos contra a linhagem HCT-116 variou de 0,18 a 3,58 ug/mL, enquanto para 501mel esse mesmo parâmetro variou de 2,82 a 6,76 ug/mL e MCF-7 variou de 4,19 a 32,57 ug/mL. A identificação molecular das cepas ativas, assim como a análise do perfil metabólico de seus extratos estão em processamento.
Conclusões
Os resultados encontrados neste trabalho evidenciam o potencial que bactérias marinhas recuperadas do litoral paulista tem em produzir substâncias capazes de inibir o crescimento de células de origem tumoral. As etapas seguintes envolvem a análise química dos extratos e sua fragmentação afim de isolar e identificar as substâncias responsáveis pela atividade anticâncer assim como aprofundar os estudos acerca de seus mecanismos de ação.
Palavras-chave
Bactérias marinhas; potencial antitumoral; metabólitos secundários
Financiador do resumo
CNPq – Processo No. 166803/2020-0
Área
Pesquisa básica / translacional
Autores
JULIA STUTZ FIASCA, Bianca Del Bianco Sahm, Ana Caroline Zanatta Silva , Lucas Nobrega Delcistia, Paula Rezende, Tito Monteiro Lotufo, Norberto Peporine Lopes, Leticia Veras Costa Lotufo