Dados do Trabalho
Título
Abscesso periapical agudo em pacientes em quimioterapia
Introdução
Apesar dos benefícios dos tratamentos oncológicos em pacientes com distúrbios
hematológicos, os pacientes podem estar susceptíveis a agudização de infecções bucais não
tratadas como resultado da imunossupressão. Dentre as infecções bucais, as doenças
endodônticas, são muito prevalentes e afetam tanto a polpa dentária quanto os tecidos
periapicais dos dentes. O abscesso periapical agudo (APA) é causado pela infecção do canal
radicular dos dentes e pode se disseminar nos tecidos crânio faciais e resultar em
complicações graves ou até a mortalidade.
Objetivo
O objetivo desse trabalho é avaliar restrospectivamente 3 casos de exacerbação da
doença endodôntica infeciosa em pacientes com desordens hematológicas na vigência do
tratamento quimioterápico
Métodos
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital AC Camargo Cancer Center (n° 5.916.821). Recuperamos retrospectivamente 3 casos de pacientes diagnosticados com
distúrbios hematológicos, que tiveram APA no primeiro ciclo de quimioterapia, durante um período de imunossupressão. Dados demográficos e
hematológicos foram coletados. Também foram obtidos dados sobre doenças endodônticas
e seu tratamento: dente, presença de lesão periapical e seu maior diâmetro medido pelo
software CLINIVIEW, histórico de retratamento, cárie e tratamento realizado durante a
internação. Também foram avaliados exames laboratoriais (proteína C-reativa 1 mês antes,
no dia da internação, e 1 semana após o tratamento, além dos valores de neutrófilos e
leucócitos no dia da internação.
Resultados
Dois homens e 1 mulher, com idade média de 42 anos foram incluídos no estudo. Os
pacientes possuíam diagnóstico de linfoma e síndrome mielodisplásica e estavam em
tratamento quimioterápico. Nenhum dos pacientes havia passado por avaliação
odontológica anterior em nosso serviço. Os pacientes foram diagnosticados com APA e
foram observadas lesões periapicais medindo 2mm, 4,7mm e 6,4mm. O tratamento
realizado foi a drenagem intraoral e emergência endodôntica e medicação endovenosa. Em
relação aos exames laboratoriais, um mês antes do episódio de APA, os pacientes
apresentavam valores de proteína C reativa de 1,75, 5,89 e 6, alterados no dia da internação
para 3,46, 1,75 e 3,09, respectivamente. Os mesmos pacientes, 1 semana após o tratamento,
apresentaram PCR de 0,74, 0,23 e 0,15. A avaliação do leucograma no dia da internação e
os pacientes apresentaram: 290, 3610 e 4620 para neutrófilos e 1180, 6210 e 6900 para
leucócitos. Todos tiveram o processo infeccioso controlado e retornaram ao planejamento
médico. Os tratamentos dos canais foram concluídos, no melhor período considerando o
tratamento quimioterápico.
Conclusões
A doença endodôntica infecciosa não tratada pode promover agudizações em período de
imunossupressão pondo em risco a saúde geral dos pacientes oncológicos. A avaliação
odontológica e acompanhamento dos pacientes é imprescindível para prevenção da
exacerbação de infecções e interrupção do tratamento oncológico.
Palavras-chave
Prevenção de infecções, quimioterapia, endodontia
Área
Estudo Clínico - Tumores de Cabeça e Pescoço
Autores
MARIA EMILIA MOTA GALDINO FERREIRA, Graziella Chagas Jaguar, André Caroli Rocha, Rodrigo Nascimento Lopes, Fábio Abreu Alves, Maria Stella Moreira