Dados do Trabalho
Título
Desigualdades nas tendências de mortalidade por câncer relacionado ao papilomavírus humano (HPV), no Brasil, 1996 a 2019
Introdução
Existem escassos estudos sobre tendência de mortalidade por canal anal/ânus, vulva/vagina (C51-C52) e pênis (C60) no Brasil, os quais são considerados cânceres relacionados ao papilomavírus humano (HPV), e, portanto, evitáveis, assim como o câncer de colo de útero e orofaringe. Aproximadamente, 100% dos câncer de canal anal e colo do útero, assim como 78% do câncer de vagina, 51% do câncer de pênis, 27% do câncer de vulva e 23% do câncer de orofaringe sejam causados pelo HPV. No Brasil, a vacinação contra HPV faz parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI), porém a cobertura vacinal é considerada inadequada.
Objetivo
Descrever as taxas e tendências de mortalidade por cânceres relacionados ao HPV no Brasil e Unidades da Federação, no período de 1996 e 2019, bem como as doses de vacinas aplicadas contra HPV no Brasil.
Métodos
Foram utilizados dados secundários de mortalidade por cânceres relacionados ao HPV (CID-10: C01- 02, C05, C09-10, C21, C51-53, C60), extraídos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram calculadas taxas de mortalidade padronizadas por idade. A variação percentual anual média (AAPC) foi calculada usando o software livre Joinpoint Regression Program. Os resultados foram considerados estatisticamente significativos quando p < 0,05. As doses de vacinas aplicadas de 2014 a 2019, para ambos os sexos, foram extraídas do PNI, por meio do DATASUS. As Unidades da Federação que apresentavam mais de cinco anos sem dados sobre mortalidade na base do DATASUS foram excluídas da análise para cada sítio estudado.
Resultados
No Brasil, no período estudado, ocorreram 214.513 óbitos, sendo 116.216 mortes para câncer de colo de útero, 74.437 para câncer de orofaringe, 9.546 para câncer de vulva/vagina, 7.385 para câncer de pênis e 6.929 mortes por câncer de ânus e canal anal. As taxas de mortalidade e a AAPC dos cânceres de canal anal/ânus e orofaringe, para ambos os sexos, vulva/vagina e pênis apresentaram tendência de aumento, enquanto, para câncer de colo de útero manteve-se estável. Os maiores incrementos nas taxas de mortalidade de cânceres relacionados a infecção por HPV estão concentradas nas regiões norte e nordeste. Entretanto, observa-se um declínio no número total de doses de vacinas contra o HPV, aplicadas no Brasil e UF de 2014 a 2019, para ambos os sexos.
Conclusões
Os resultados sugerem desigualdades nas taxas e tendência de mortalidade nos cânceres atribuídos ao HPV, entre as Unidades da Federação do Brasil. Identificar essas desigualdades pode ajudar a nortear ações preventivas, incluindo a vacinação contra o HPV, diminuindo a incidência e mortalidade dessas neoplasias.
Palavras-chave
câncer anal, câncer de ânus, câncer de colo de útero, câncer de orofaringe, câncer de pênis, câncer de vulva, câncer de vagina, HPV, mortalidade, tendências.
Área
Epidemiologia e Prevenção
Autores
ITALO MATHEUS DIAS DE ANDRADE, Gisele Aparecida Fernandes, Maria Paula Curado