Dados do Trabalho
Título
Modelo celular de formação de trombos tumorais de carcinoma renal e invasão de veia cava produz IL8 humana, atrai neutrófilos e promove a formação de neutrophil extracelular traps
Introdução
O Carcinoma de Células Renais (CCR) compreende um conjunto de tumores urológicos com evolução clínica altamente variável a depender do subtipo histológico, assinaturas moleculares e outros fatores. Pode se apresentar como tumor localizado ou metastático com invasão do sistema venoso por trombos tumorais. Quando ocorre invasão da veia cava por trombo, em estágios mais avançados da doença, é necessária intervenção cirúrgica por trombectomia, além da remoção do tumor. Estes procedimentos são desafiadores e muitas vezes levam alta morbidade para os pacientes.
Objetivo
No CCR, os anticoagulantes não são eficientes para regredir a extensão do trombo e a compreensão dos mecanismos responsáveis pela sua formação favorecerá o manejo ideal destes casos avançados.
Métodos
Nosso grupo gerou um modelo de estudo em camundongos implantados com fragmento tumoral de paciente com CCR (1) e uma linhagem celular (CCR26) derivada destes xenoenxertos que reproduzem a formação de tumores e trombos tumorais em veia cava. Foram investigados os níveis de citocinas quimioatraentes de neutrófilos no plasma dos camundongos e a presença de NETs no tecido tumoral dos PDX. Em ensaios in vitro, foi avaliada a capacidade de ativação de neutrófilos pelo meio condicionado (MC) das células CCR26 comparado com MC de linhagens não formadoras de trombos. Para isso, o MC foi utilizado como quimioatraente em ensaio de migração de neutrófilos por transwell e como indutor de NETs quando em contato direto com neutrófilos por imunofluorescência. Os níveis de neutrófilos circulantes no plasma de pacientes apenas com CCR vs CCR e trombo foram investigados.
(1) Beserra, Adriano O., et al. "Patient-derived renal cell carcinoma xenografts capture tumor genetic profiles and aggressive behaviors." Kidney Cancer 6.1 (2022): 11-22.
Resultados
Os fragmentos tumorais e as células CCR26 reproduzem a formação de tumores e trombos tumorais em veia cava nos PDX com eficiência de 50-60%. Ambos apresentam aumento de 10 vezes nos níveis plasmáticos de IL-8 humana quando comparados com PDX inoculados com fragmentos tumorais oriundos de pacientes com CCR que não formam trombos.
No ensaio de migração, o MC da CCR26 foi capaz de atrair 4 vezes mais neutrófilos comparado com o MC das células controle. Confirmando maior ativação de neutrófilos, o MC da CCR26 induziu a formação de NETs (neutrophil extracelular traps), que não foram observadas com o MC das células controle. Resultado semelhante foi observado nos tecidos tumorais de PDX em que tumores derivados dos xenoenxertos e de células CCR26 apresentam 2,4 vezes mais NETS e quando inoculados os trombos tumorais no rim o aumento é de 4,4 vezes mais.
Não houve diferenças entre os níveis de neutrófilos no sangue sugerindo que a ocorrência de trombo tumoral no paciente não altera a quantidade de neutrófilos circulantes, mas pode alterar a reatividade dessas células a estímulos inflamatórios e citocinas como a IL8.
Conclusões
Os resultados obtidos sugerem que a liberação de IL8 por células tumorais promove a atração de neutrófilos ao sítio tumoral e a formação de NETs, que em associação com as células tumorais podem levar à formação de trombos tumorais em veia cava. Estes achados serão explorados nos modelos animais estabelecidos, pelo uso de inibidores específicos da formação ou destruição de NETS.
Palavras-chave
Carcinoma de Células Renais, neutrófilos, trombos tumorais
Financiador do resumo
INCT- INCITO-INOTE (CNPq/FAPESP/CAPES)
Área
Estudo Clínico - Tumores Urológicos
Autores
AMANDA IKEGAMI, Adriano Beserra, Ethiene Estevam, Flavio Protasio, Juliana Silva, João Paulo Luiz, Stephania Bezerra, Fernando Cunha, Stênio Zequi, Luciana Leite, Tiago dos Santos, Vilma Martins