Dados do Trabalho


Título

QUANTIFICAÇÃO DE COLÁGENOS EM LESÕES ORAIS BENIGNAS E CARCINOMA ESPINOCELULAR COM DIFERENTES GRAUS DE MALIGNIDADE

Introdução

O câncer oral possui maior prevalência em homens e indivíduos que consomem tabaco e álcool. O carcinoma espinocelular (CEC) oral pode ser In situ (IS), bem ou moderadamente diferenciado (BD-MD). Tumores com metástase possuem prognóstico desfavorável. O colágeno é a proteína estrutural mais abundante da matriz extracelular e tem sido observado em locais de invasão e angiogênese. A identificação e quantificação dos diferentes tipos de colágeno pode indicar o comportamento e/ou progressão das CEC.

Objetivo

Avaliar a quantidade de colágeno I e III em lesões orais benignas e malignas (CEC) por meio das colorações especiais, associando-a com dados clínicos, histopatológicos e informações epidemiológicas.

Métodos

O estudo foi aprovado pelo CEP-UFTM (nº66635023.7.0000.5154/2023). Um total de 86 amostras de lesões orais foram avaliadas através das colorações Picro Sírius-PS (para colágeno) e Reticulina-RET (para colágeno tipo III). Os fragmentos de tecido constituíam lesões não neoplásicas (NN), IS, CEC-BD, CEC-MD e CEC metastática. A análise das marcações foi realizada no setor de Patologia Geral da UFTM, através de morfometria, que consiste na análise microscópica das lâminas, a partir da captura das regiões coradas e quantificação automática da porcentagem de área marcada. A análise foi realizada por dois observadores independentes e os dados obtidos de porcentagem de área marcada foram utilizados para investigar associações com os seguintes parâmetros: sexo, tabagismo, alcoolismo, tipo de lesão e sobrevida geral. Foram aplicados os testes Mann-whitney, Kruskal-wallis e Kaplan-meier com Log-rank, utilizando o software IBM SPPS 20. O Fold-change (FC) foi calculado a partir das medianas.

Resultados

A porcentagem de área marcada por PS foi, significativamente, maior em pacientes do sexo feminino (FC=1,6;p=0,008) e não tabagistas (FC=1,6;p=0,047). Apesar de não significante, observou-se que indivíduos com status vivo e não alcoolistas também apresentaram maior marcação de PS, FC=1,3 e FC=1,5 respectivamente. Lesões NN e CEC-BD apresentaram maior marcação de PS do que CEC-MD, (FC=2,4;p=0,007) e (FC=1,9; p=0,001). Além disso, lesões CEC-BD mostraram maior porcentagem de colágeno por OS do que as CEC-metastáticas (FC=1,5; p=0,033). Por outro lado, a marcação específica para colágeno III não demonstrou associações significativas com parâmetros clínicos, epidemiológicos ou patológicos. Para ambas as colorações, observou-se padrão de maior sobrevida global nos grupos de pacientes com maior porcentagem de área marcada, porém sem diferenças significantes.

Conclusões

Lesões orais não neoplásicas, assim como CEC com baixo grau de malignidade apresentaram maior porcentagem de área composta por colágenos do que CEC mais agressivos, sugerindo a maior participação dessas proteínas nas etapas iniciais da tumorigênese. Esse padrão também foi evidente em amostras de indivíduos com menor risco de desenvolver CEC (femininos e não-tabagistas). A composição de colágeno III parece não influenciar na agressividade da doença.

Palavras-chave

Colágeno; Coloração especial; Carcinoma espinocelular oral

Área

Estudo Clínico - Tumores de Cabeça e Pescoço

Autores

INAIE FRANCISCO FREDERICO, LENALDO BRANCO ROCHA, MILLENA BRANDÃO, RÉGIA CAROLINE PEIXOTO LIRA