Dados do Trabalho

Título

Sobrevida condicional por adenocarcinoma de pâncreas segundo sexo e estadiamento clínico no Estado de São Paulo, 2000-2021

Introdução

O adenocarcinoma de pâncreas permanece como uma das neoplasias malignas de pior prognóstico em todo o mundo. Sua incidência vem aumentando ao longo do tempo e a população idosa é o grupo etário mais acometido. A sobrevida baixa do câncer de pâncreas está associada principalmente a sua agressividade biológica, ao diagnóstico tardio e a falha do tratamento oncológico.

Objetivo

Calcular a sobrevida condicional e atuarial em 1 e 3 anos em pacientes com adenocarcinoma de pâncreas de acordo com sexo e estadiamento clínico.

Métodos

As informações foram coletadas do Sistema do Registro Hospitalar de Câncer da Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP), que se encontram disponíveis de forma pública e anônima. Pacientes com adenocarcinoma de pâncreas, maiores de 18 anos diagnosticados entre 2000 e 2021 foram selecionados. Variáveis sociodemográficas e clínicas serão apresentadas através de frequências e porcentagens ou pela média, mediana e desvio padrão. A sobrevida global será calculada desde a data de diagnóstico até o óbito ou última informação, as curvas de sobrevida serão construídas pelo método de Kaplan-Meier, e a sobrevida condicional será calculada como a probabilidade de o paciente sobreviver em 1 e 3 anos dado que já sobreviveu um determinado número de anos. O hazard ratio (HR) foi calculado usando a regressão de Cox, assim como o intervalo de confiança de 95% (IC95%). As análises foram realizadas no SPSS for Windows v.25 considerando um nível descritivo p<0,05 para rejeitar as hipóteses nulas.

Resultados

Entre 2000 e 2021, 7273 casos de adenocarcinoma de pâncreas foram diagnosticados no estado de São Paulo segundo informações da FOSP. Do total de casos, 51,1% eram homens (3714), a média da idade no diagnóstico foi de 63 anos (variando entre 20 e 97 anos). Estadiamento clínico III e IV foram os mais frequentes (14,3% e 63,9% respectivamente). O tempo de seguimento mediano foi de 4,7 meses, com sobrevida mediana de 5 meses. Os homens apresentaram menor sobrevida que as mulheres (HR 1,07; IC95% 1,02-1,12). Pacientes com estadiamento clínico IV tiveram 2,63 vezes risco de morrer comparado com pacientes com estadiamento clínico I (p<0,001). A probabilidade de sobreviver ao primeiro ano após o diagnóstico é de 26% para as mulheres e de 24% para os homens. A probabilidade de uma mulher sobreviver mais um ano dado que ela já sobreviveu um ano após o diagnóstico é 46,5% comparado com 39,6% dos homens. A probabilidade de sobreviver um ano adicional após o diagnóstico de acordo com o estadiamento clínico (I, II, III e IV) foi de 65,1%, 54,1%, 41,1% e 34,3%, respectivamente.

Conclusões

O câncer de pâncreas é uma neoplasia maligna agressiva que geralmente é detectada em estádios avançados e não tem definido de forma clara os seus fatores de risco. O prognóstico para estes pacientes é ruim ao diagnóstico, mas melhora se eles conseguem sobreviver um tempo determinado. A sobrevida em um ano após o diagnóstico melhora para mulheres e para aqueles com estadiamento inicial.

Palavras-chave

Sobrevida condicional, adenocarcinoma de pâncreas, registro hospitalar de câncer.