Dados do Trabalho
Título
Carcinoma papilífero da tireoide associado a tireoidite de Hashimoto: relato de caso
Introdução
O carcinoma papilífero compreende a neoplasia maligna da glândula tireoide de maior incidência e de melhor prognóstico dentre os demais subtipos de câncer da glândula, embora algumas variantes tumorais possam conferir piores índices de sobrevida. O microambiente tumoral do carcinoma papilífero da tireoide ainda é pouco caracterizado. Contudo, existe uma relação entre a neoplasia e a tireoidite de Hashimoto, um quadro inflamatório autoimune da tireoide que parece predispor ou estar frequentemente associado ao carcinoma papilífero.
Objetivo
Relatar o caso de um paciente com carcinoma papilífero da tireoide e tireoidite de Hashimoto associada, suas repercussões clínicas e condutas tomadas frente a este caso.
Métodos
Trata-se de um estudo observacional e retrospectivo, baseado em único caso de carcinoma papilífero da tireoide. As fontes de coleta de dados foram o prontuário e relatórios de exames do paciente, sendo consideradas as variáveis sexo, idade ao diagnóstico, procedimentos realizados e histopatologia da lesão. O estudo foi desenvolvido após a aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos (parecer nº 6.200.081).
Resultados
Paciente do sexo masculino, 31 anos, encaminhado ao serviço terciário a partir de sua unidade de origem para investigação de nodulação em topografia da tireoide. Referiu diagnóstico prévio de hipotireoidismo, em uso de 50 microgramas de levotiroxina ao dia, com TSH de 7,887 e T4 livre 0,93. Ao exame físico, notou-se tireoide palpável, contendo nódulo fibroelástico e móvel em lobo esquerdo. Ultrassonografia previamente realizada apontou dois nódulos tireoidianos, o maior ocupando a maior parte do lobo esquerdo e o menor em terço médio do lobo direito, ambos TIRADS 4. Foi solicitada punção aspirativa por agulha fina do nódulo maior, cujo resultado citopatológico foi Bethesda V (suspeito para neoplasia papilífera da tireoide), sendo optado por realizar tireoidectomia total. O anatomopatológico revelou carcinoma papilífero da tireoide, variante folicular, multifocal, medindo a maior lesão 4,5 cm em lobo esquerdo, com invasão neoplásica capsular e invasão linfovascular. Ausência de extensão neoplásica extracapsular ou metástases em linfonodos cervicais e peritireoidianos. Foi evidenciada ainda extensa tireoidite de Hashimoto em toda glândula tireoide e em região perilesional. O paciente evoluiu bem após a cirurgia, sendo prescritos 100 microgramas diários de levotiroxina e encaminhado para avaliação de radioiodoterapia, em cuidado compartilhado com a equipe de cirurgia oncológica.
Conclusões
Embora o carcinoma papilífero seja a neoplasia maligna mais comum da tireoide, o conhecimento acerca de tireoidite de Hashimoto prévia deve ser abordado como fator de risco para o desenvolvimento da neoplasia, de forma a realizar diagnósticos precoces do câncer em vigência do acompanhamento da doença de base.
Palavras-chave
câncer papilífero da tireoide; doença de Hashimoto; neoplasias de cabeça e pescoço
Área
Estudo Clínico - Tumores de Cabeça e Pescoço
Autores
VITOR AFONSO FAVARETTO, Mairto Roberis Geromel, Ayder Anselmo Gomes Vivi, Daniela Wicher Sestito, Lilian Cristina Correa Bartkevitch Rodrigues, Eliane Milharcix Zanovelo, Dalísio De Santi Neto