Dados do Trabalho
Título
Avaliação do impacto biológico de variantes identificadas em pacientes com câncer de mama masculino
Introdução
O câncer de mama masculino (CMM) é um tipo tumoral raro e o conhecimento sobre os genes envolvidos em sua causalidade é limitado, resultando na falta de programas de prevenção e redução de risco direcionados aos homens. Uma das formas de proporcionar o manejo de forma adequada ao risco de desenvolver a doença, seria a identificação de variantes genéticas, a definição da patogenicidade dessas variantes e da associação com a doença em questão.
Objetivo
Esse trabalho teve como objetivo desenvolver ferramentas que possam auxiliar na avaliação do efeito biológico e terapêutico de variantes identificadas em homens com câncer de mama, e fornecer dados para auxiliar na classificação dessas variantes.
Métodos
Foram selecionadas as variantes c.1516G>T (Q506*) no gene MRE11 e c.1109T>C (L370S) em MSH6, identificadas em pacientes com CMM. Também selecionamos uma variante sabidamente patogênica para cada gene, como controles positivos. As sequências gênicas foram obtidas através de plasmídeos comerciais e as variantes foram inseridas através de mutagênese sítio-dirigida. As inserções das variantes foram confirmadas por sequenciamento de Sanger. Para os ensaios funcionais foram utilizadas as linhagens MCF10AneoT (pré-maligna de mama feminina) e KTMBE (mama masculina). Foram realizados ensaios funcionais para avaliação da capacidade de formar colônias e capacidade de formação do heterodímero MSH2-MSH6 (por imunoprecipitação).
Resultados
As construções plasmidiais WT ou com as variantes selecionadas foram obtidas com sucesso. Os resultados funcionais preliminares demonstram que a presença da variante Q506* em MRE11 impacta a capacidade de formar colônias em todas as condições (tratadas, ou não, com irradiação), quando comparada ao WT, na linhagem MCF10AneoT. Já na linhagem, KTMBE, observamos essa diferença apenas em algumas condições, indicando um comportamento diferente quando consideramos uma linhagem de mama feminina e uma masculina. Com relação à presença da variante L370S em MSH6, observamos que não há impacto na funcionalidade da proteína resultante quanto a formação do heterodímero MSH2-MSH6 para que ocorra o reparo de danos ao DNA por mismatch repair. No entanto, observamos um impacto na capacidade de formar de colônias em condições normais, ou em baixas doses de tratamento com cisplatina.
Conclusões
A presença da variante Q506* em MRE11 pode ter um papel no desenvolvimento tumoral, mas é necessário a avalição do seu impacto nas funções de reparo de danos ao DNA. Já a presença da variante L370S em MSH6, nos sugere que, caso ela tenha um papel patogênico, não envolve a perda da capacidade de MSH6 se ligar à MSH2. Vale ressaltar que outros ensaios funcionais serão realizados para que possamos fornecer mais dados para uma classificação definitiva.
Palavras-chave
Câncer de mama masculino; câncer de mama hereditário; análises funcionais de variantes.
Financiador do resumo
Ministérios da Saúde (PRONON) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Área
Estudo Clínico - Tumores de Mama
Autores
ARIANE STEFANI PEREIRA, Kyle Thompson, Renata Barbosa Abreu, Lidia Rebolho Arantes, Renato Silva Oliveira, Viviane Oliveira Silva, Matias Eliseo Melendez, Nick Orr, Edenir Inez Palmero