Dados do Trabalho

Título

Distúrbio linfoproliferativo associado ao metotrexato em paciente com artrite psoriática

Introdução

O metotrexato (MTX) é o tratamento atual de primeira linha para a artrite. No entanto, estudos recentes relataram que o tratamento prolongado com MTX apresenta maior risco de desenvolver distúrbio linfoproliferativo associado. Considera-se que a imunossupressão por MTX reduz a imunovigilância do hospedeiro de células B infectadas pelo vírus Epstein-Barr (EBV). Além disso, esse distúrbio tende a estar presente em locais extranodais, apresentar características de histologia agressiva difusa e apresentar rápida progressão clínica.

Objetivo

O presente relato de caso tem como objetivo, descrever um caso de distúrbio linfoproliferativo em região de palato duro em uma paciente com artrite psoriática tratada com MTX.

Métodos

Paciente do sexo feminino, 70 anos de idade, com queixa de lesão ulcerada na região do segundo molar superior esquerdo, com 6 meses de evolução. Durante a anamnese a história clínica geral da paciente revelou artrite associada à psoríase, osteoporose e prolapso da válvula mitral, fazendo uso de MTX - 2,5mg - duas cápsulas por dia - duas vezes na semana, há 30 anos. Além disso, o paciente relatou ter usado Risedronato sódico há 3 anos para tratamento de osteoporose. Ao exame clínico foi observado uma úlcera de aproximadamente 3 cm, com leito necrótico, bordas irregulares e elevadas, avermelhada e dolorosa na região palatina e vestibular do dente 27, o qual apresentava mobilidade severa. A radiografia periapical revelou perda óssea periodontal. Foram solicitados: sorologia para EBV, sorologia para citomegalovírus (CMV), além de fator antinúcleo (FAN), velocidade de hemossedimentação (VHS), glicemia, proteína C reativa e hemograma completo. Como conduta, optou-se pela exodontia do dente 27 e biópsia incisional na lesão relacionada.

Resultados

Exames laboratoriais revelaram IgG reagente e IgM não reagente para EBV e CMV. A análise microscópica revelou um processo proliferativo hematolinfóide, sendo necessária a complementação com amplo painel imunohistoquímico. Observou-se positividade focal para CD25 e CD4, fraca para EMA, CD45 e Ki-67 (15%), raras células positivas para Bcl-2, AML apenas em vasos e marcação moderada para CD30, CD68 e EBER. Diante dos achados microscópicos e imunohistoquímicos, o diagnóstico final foi de distúrbio linfoproliferativo associado ao uso do MTX. Assim, foi sugerido ao médico, a suspensão da medicação e após 15 dias observou-se redução significativa da úlcera. Não foi observada recorrência da lesão durante um período de acompanhamento de dois meses.

Conclusões

Este relato de caso mostra a importância do profissional da saúde, em especial o cirurgião-dentista, na identificação de um distúrbio linfoproliferativo em pacientes com doenças imunomediadas que fazem uso do MTX, mesmo em pacientes que possuem história de longo período de tratamento com a droga. Além disso, a interrupção imediata do MTX e substituição por outra terapia imunossupressora, na maioria dos casos é o suficiente para o controle deste distúrbio.

Palavras-chave

Artrite Psoriática
Metotrexato
Transtornos Linfoproliferativos