Dados do Trabalho
Título
Enzimas relacionas ao NADPH e câncer: fatos e insights sobre a aplicação de Imuno-histoquímica
Introdução
A alta taxa proliferativa dos tumores induz alterações metabólicas e gera excesso de espécies reativas de oxigênio. Para evitar estresse oxidativo, as células de câncer ativam mecanismos antioxidantes dependes de NADPH, cuja produção é regulada por distintas enzimas. A hiperexpressão dessas enzimas é descrita como potencial marcador de agressividade, pois proporciona ambiente favorável para a progressão tumoral. Porém, a investigação dessas por imuno-histoquímica, ainda não é bem estabelecida.
Objetivo
Reunir as evidências científicas sobre o perfil de expressão proteica, por imuno-histoquímica (IHQ), de enzimas relacionadas à produção de NADPH, associado a fatores prognósticos (sobrevida, estadiamento tumoral, metástase e recorrência) em diferentes tipos de neoplasia.
Métodos
A busca de artigos desta revisão sistemática foi realizada nas plataformas PubMed, Scopus e Web of Science, considerando todos os artigos publicados desde abril de 2023. As estratégias de busca combinaram os descritores IMMUNOHISTOCHEMISTRY, CANCER e o nome completo ou abreviado de cada enzima. O booleano AND foi aplicado para restringir os resultados da busca para o tema desta revisão. Foram incluídos na revisão estudos que realizaram imuno-histoquímica, em amostras humanas de neoplasias benignas ou malignas, analisando pelo menos uma das enzimas relacionadas à produção de NADPH: ME1, ME2, ME3, GDH1, GDH2, G6PD, cNADK, mNADK, PGD, MTHFD1, MTHFD2, MTHFD2L, ALDH1L1, ALDH1L2, NNT e DHFR). Os critérios de exclusão aplicados foram: artigos não publicados em inglês, revisões e meta-análises, estudos de casos, artigos que fogem do tema, artigos realizados apenas com modelos in vitro e/ou in vivo, e aqueles, cujo texto integral não estava disponível.
Resultados
A busca na literatura resultou em um total de 444 artigos, dos quais 197 eram duplicatas, deixando 247 para a etapa de triagem. Destes, 198 foram excluídos e 49 artigos foram selecionados para leitura do texto integral e extração dos dados principais. Os estudos incluídos abordavam 19 tipos diferentes de tumores, sendo os mais frequentes o hepatocarcinoma, carcinoma de células renais, cânceres de mama, oral e de pulmão. A G6PD foi a enzima mais investigada por IHQ, com 17 artigos. Seguida pela família MTHFD, com 13, e enzimas málicas (MEs) com seis. Para a maioria das enzimas, observou-se padrão de expressão proteica aumentado em amostras de câncer, que se associa a fatores prognósticos e de agressividade. De maneira oposta, cinco publicações revelaram expressão diminuída das enzimas GDH, ALDH1L1 e ALDH1L2 em amostras neoplásicas, com associação significativa com malignidade ou agressividade tumoral.
Conclusões
A G6PD foi a enzima mais avaliada por IHQ no contexto da agressividade do câncer, sugerindo potencial como marcador prognóstico e alvo terapêutico. A família MTHFD e as MEs devem ser mencionadas, dada a consistência dos resultados obtidos. Concluímos que a IHQ, para maioria das enzimas relacionadas com NADPH, é um método bem-sucedido para inferir agressividade do câncer. Porém, alguns marcadores precisam ser investigados em coortes maiores para conclusões acuradas.
Palavras-chave
Imuno-histoquímica; câncer; NADPH
Área
Pesquisa básica / translacional
Autores
CAMILA MEIRA SCUDELER, Régia Caroline Peixoto Lira, Keila Samantha da Silva, Rafaela Viviane Silva, Juliana Reis Machado, Adilha Misson Rua Micheletti, Karen Bento Ribeiro