Dados do Trabalho

Título

Perfil Epidemiológico e Avaliação de Possíveis Fatores de Risco Para Câncer de Mama Avançado em Pacientes Mulheres do Hospital de Câncer de Catanduva

Introdução

O câncer de mama é um importante problema de saúde pública e responsável pela morte de milhares de mulheres ao redor do mundo todos os anos. A incidência e a mortalidade podem variar de acordo com diferenças sociais. Estudos epidemiológicos são ferramentas importantes para o planejamento de medidas de combate ao câncer e diagnóstico precoce.

Objetivo

Conhecer o perfil epidemiológico, possíveis fatores de risco associados ao diagnóstico de tumores de mama avançados e o impacto da pandemia da Covid-19 em pacientes do Hospital de Câncer de Catanduva, um serviço público do estado de São Paulo.

Métodos

Uma coorte unicêntrica e retrospectiva de mulheres com câncer de mama foi avaliada, após aprovação pelo Comitê de Ética da Instituição, cujo numero do parecer é 5.171.567. Diversos fatores como idade precoce (inferior a 60 anos), procedência geográfica (áreas urbana versus rural), subtipo de câncer (triplo negativo e Her 2 positivo versus luminais A/B, nível de escolaridade (fundamental completo versus incompleto), cor da pele (branca versus outros), irregularidade na realização de exames de rastreamento, hábito de fumar, história familiar de câncer de mama ou ovário em parentes de primeiro grau e pandemia da Covid-19 foram testados para possíveis associações com tumores avançados pelo teste Exato de Fisher. As variáveis qualitativas foram analisadas sob média ou mediana.

Resultados

128 pacientes foram incluídas com idade média de 58,9 anos. A maioria branca (71,0%), residente da área urbana (92,9%), com ensino fundamental incompleto (39,0%). 30,4% e 9,3% com tumores em estágios III e IV, respectivamente. Não houve diferença significativa para o diagnóstico de tumores iniciais (0 a II) ou avançados (III ou IV) dentre as variáveis analisadas: idade (x2=0,19; p=0,66), subtipos (x2=0,02; p= 0,86), procedência (x2=0; p=1), nível de ensino (x2=0; p=1), cor da pele (x2=0; p=1), tabagismo (x2=0; p =1), história familiar (x2=0,21; p=0,64). Diagnósticos durante os anos da pandemia (2020/21) não foram relacionados a casos mais avançados (x2=3,6; p=0,055). Ao contrário do esperado, houve maior proporção de mulheres que descobriram tumores avançados dentre as que fazem exames regularmente (x2=4,24; p=0,03). Mas, é válido considerar que a proporção daquelas que não fazem exames de rastreamento de forma regular foi 3 vezes maior.

Conclusões

A pandemia da Covid-19 não contribuiu para diagnósticos mais avançados. Viés de seleção pode justificar o fato de pacientes que realizam exames com frequência regular terem sido diagnosticadas em estágios mais avançados. Outros fatores de risco não foram identificados. A principal justificativa para tais resultados é a pequena amostra devido recente início de funcionamento do Hospital de Câncer de Catanduva, reforçando a importância de futuros estudos epidemiológicos nesta população.

Palavras-chave

câncer de mama avançado, Covid-19, fatores de risco.