Dados do Trabalho
Título
Manejo de pacientes com câncer de cabeça e pescoço durante a pandemia de COVID-19: insights de um centro oncológico de excelência no Espírito Santo
Introdução
A rápida propagação do novo coronavírus por secreções respiratórias e o risco de transmissão associado a procedimentos geradores de aerossóis trouxe grande preocupação para os cirurgiões de cabeça e pescoço. A necessidade de manutenção dos serviços de cirurgia oncológica e o prognóstico ainda desconhecido de pacientes com câncer de cabeça e pescoço com COVID-19 afetaram a prática cirúrgica, exigindo protocolos mais seguros e a reorganização do cuidado oncológico.
Objetivo
Este estudo teve como objetivo propor um protocolo de mitigação do impacto da COVID-19 em pacientes com câncer de cabeça e pescoço atendidos no Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Santa Rita de Cássia (HSRC) em Vitória, Espírito Santo.
Métodos
No início da pandemia de COVID-19, a reorganização do atendimento de pacientes com câncer foi fundamental para garantir o tratamento cirúrgico dos casos “urgentes”. Medidas como a triagem telefônica avaliando sintomas como febre, fadiga e dispneia; agendamento de indivíduos assintomáticos; uso de máscaras; medição de temperatura e teste rápido de antígeno para COVID-19 (Biocredit COVID-19 Antigen) foram adotados. A partir de outubro de 2020, amostras de swab naso-orofaringe foram coletadas de 24 a 48h antes da admissão no centro cirúrgico de pacientes com câncer de cabeça e pescoço e submetidas à técnica de PCR em tempo real (RT-qPCR) para detecção das regiões N1 e N2 do SARS-CoV-2. Resultados positivos adiaram a cirurgia até a negativação pós-melhora clínica. Pacientes submetidos à radio-quimioterapia foram submetidos à sorologia para detecção de anticorpos IgG e IgM. (Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Integrado de Atenção à Saúde - Parecer 4.251.850.
Resultados
Um total de 99 pacientes com câncer de cabeça e pescoço e indicação de tratamento cirúrgico foram admitidos no período entre 10/2020 e 09/2021. Um óbito foi registrado entre os casos que testaram positivo para SARS-CoV-2 (1/8). O teste rápido usado na admissão ao centro cirúrgico agilizou a triagem e reduziu o tempo de espera, porém apresentou baixa sensibilidade, uma vez que 8 pacientes que apresentaram resultado negativo no teste rápido, tiveram SARS-CoV-2 detectado pelo teste de RT-qPCR. Casos positivos foram mantidos em quarentena por no mínimo 15 dias antes da cirurgia. Assim, a incorporação RT-qPCR imediatamente antes da cirurgia fortaleceu a segurança tanto para profissionais quanto para pacientes, garantindo a continuidade do tratamento. Além disso, o presente estudo teve grande importância no contexto regional, uma vez que foi o único a propor e analisar mudanças em um centro de atendimento oncológico situado no estado do Espírito Santo.
Conclusões
As estratégias adotadas nesse estudo para aumentar a segurança e melhorar o manejo de pacientes com câncer de cabeça e pescoço durante a pandemia da COVID-19 foram eficazes e tiveram um papel crucial na avaliação criteriosa de pacientes elegíveis à procedimentos cirúrgicos no Hospital Santa Rita de Cássia, mitigando os efeitos da pandemia de COVID-19 em indivíduos acometidos por essa condição oncológica, e na equipe envolvida em seu tratamento. Apoio financeiro FAPES e CAPES.
Palavras-chave
Câncer cabeça e pescoço, SARS-CoV-2, COVID-19
Financiador do resumo
Este estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (FAPES, número de concessão 2020-K31T3) e parcialmente apoiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), concessão 001.
Área
Estudo Clínico - Tumores de Cabeça e Pescoço
Autores
ROBERTA FERREIRA VENTURA MENDES, Priscila Marinho Abreu, Giuliano Lozer Bruneli, Camila Batista Daniel, Jéssica Graça Sant'Anna , José Roberto Vasconcelos Podestá, Marco Homero Sá Santos, Sandra Ventorin von Zeidle