Dados do Trabalho

Título

Carcinoma espinocelular de língua em paciente jovem: relato de caso clínico

Introdução

O carcinoma espinocelular é o tipo de neoplasia maligna mais comum da região de cabeça e pescoço. Usualmente está associado a fatores de risco como os diferentes usos do tabaco, o consumo crônico de bebidas alcoólicas, principalmente destiladas, e ao papilomavirus humano (HPV), sendo mais frequente na quinta e sexta décadas de vida. Atualmente existem evidências do aumento do número de casos de câncer bucal em indivíduos jovens que não apresentam esses fatores de risco.

Objetivo

Relatar um caso clínico de carcinoma espinocelular em paciente jovem que não apresentava os fatores de risco tradicionais para o desenvolvimento da lesão, discutindo os fatores que dificultaram o diagnóstico da lesão.

Métodos

Paciente do sexo masculino, 27 anos, foi encaminhado ao nosso serviço para avaliação de “lesão dolorosa em língua”. O paciente já havia sido biopsiado por outro profissional e o laudo foi compatível com paracoccidioidomicose, porém nas radiografias de tórax não foram constatadas lesões pulmonares. Também fez uso de antifúngico sistêmico, no entanto não houve melhora clínica da lesão. Ao exame clínico observamos uma lesão nodular, ulcerada em borda de língua estendendo-se para ventre, com aproximadamente 3 cm no maior diâmetro, bordas elevadas, superfície rugosa, base endurecida, dolorosa e que dificultava a mastigação. O exame extrabucal não revelou alterações. De acordo com sua história médica, não apresentava doenças de base nem fazia uso contínuo de medicamentos, além de não ser tabagista ou etilista. No seguimento, foram solicitados outros exames laboratoriais como micológico direto e cultura para fungos e realização de nova biópsia.

Resultados

Os exames para pesquisa de fungos foram negativos, e o resultado da nova biópsia foi de carcinoma espinocelular bem diferenciado, ulcerado, com focos de invasão perineural e reação granulomatosa gigantocelular associada. O paciente foi encaminhado ao serviço especializado de oncologia para tratamento da lesão e foi submetido a cirurgia e radioterapia, porém apresentou recidiva logo após o término do tratamento e veio a óbito.

Conclusões

O carcinoma de células escamosas em pacientes jovens é incomum, sua etiologia ainda é pouco entendida e a ausência de fatores de risco pode nos levar a considerar outras lesões no diagnóstico, como no caso, uma micose profunda. Além disso, as características histopatológicas dessas lesões se assemelham muito ao carcinoma, por isso, devemos sempre lançar mão de outros exames de complementares para auxiliar no diagnóstico e manter um estrito acompanhamento do paciente.

Palavras-chave

Carcinoma espinocelular; Jovem Adulto; Cavidade oral

Financiador do resumo

Não se aplica