Dados do Trabalho


Título

Nanopartículas poliméricas ultrapassando barreiras no desenvolvimento da seriniquinona como candidato a fármaco antimelanoma

Introdução

A seriniquinona (SQ) reúne atributos que a tornam um candidato a fármaco antineoplásico bastante atrativo: a sua atuação em células de melanoma em concentrações nanomolares, a baixa toxicidade para células não tumorais, e o desencadeamento de um mecanismo de ação não descrito anteriormente para outras moléculas. Apesar disso tudo, sua baixa solubilidade em água dificultou, ao longo de quase uma década, a realização de estudos in vivo com essa substância, o que tem sido superado com sua encapsulação em nanopartículas (NPs) de ácido poli (láctico-co-glicólico) (PLGA).

Objetivo

O presente trabalho avaliou a encapsulação de SQ em NPs de PLGA e o direcionamento da SQ em células de melanoma através de sua aplicação tópica.

Métodos

As NPs de PLGA foram preparadas através de emulsificação simples seguida de evaporação de solvente. A atividade citotóxica e citostática das NPs foi avaliada pelo ensaio da sulforodamina B, após tratamento das linhagens SK-MEL-28 e SK-MEL-147 em concentrações de 0,00032 a 5 µM de SQ. A toxicidade foi avaliada in vivo em modelo de Galleria mellonella, através de injeção, via proleg, na hemocele da larva de 10 µL de SQ encapsulada nas doses de 20, 40 e 80 mg/kg. A mortalidade e o índice de saúde das larvas foram avaliados durante 5 dias. Para avaliar a possibilidade de administração tópica da SQ, foram conduzidos estudos de penetração em pele de orelha de porco, após a gelificação das NPs com hidroxietilcelulose a 1,1% (m/v). A capacidade do gel de NPs alterar perda de água transepidérmica (TEWL) foi avaliada após 12 h de tratamento. A penetração da SQ e sua localização cutânea foram avaliadas após tratamento de 6 e 12 h, seguidos pela separação das camadas da pele e pela quantificação da substância por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). A distribuição cutânea da SQ foi avaliada após o congelamento das secções de pele, com a realização de cortes de 8 µm em criostato e visualização por microscopia de fluorescência.

Resultados

Com o ensaio da SRB, foi observada a manutenção da atividade da SQ após a encapsulação e toxicidade inferior a 20% das NPs vazias nas maiores concentrações tratadas. Resultados preliminares demonstraram ausência de toxicidade das NPs com SQ em doses ≤ 80 mg/kg em modelo G. mellonella, o que foi evidenciado pela sobrevivência e manutenção do índice de saúde das larvas ao longo de 5 dias. Quando comparado com o tratamento com água, o gel de NPs não aumentou a TEWL, o que evidencia seu reduzido potencial de desorganizar o estrato córneo e, assim, de gerar irritação em ensaios futuros. Quando comparado com a solução de SQ em óleo de girassol (controle), a nanoencapsulação duplicou, após 6 h, a penetração de SQ na epiderme e derme e favoreceu sua retenção no tecido cutâneo. As imagens obtidas por microscopia de fluorescência demonstram distribuição homogênea da SQ ao longo do estrato córneo, com maior intensidade nas camadas viáveis da pele.

Conclusões

Dessa forma, as NPs de PLGA, gelificadas ou não, proporcionaram: i) a veiculação da SQ em meios aquosos, ii) a manutenção de sua atividade antimelanoma, iii) a penetração da substância através da barreira física da pele e sua localização no sítio de interesse da lesão de melanoma e iv) risco reduzido de toxicidade para a realização de ensaios in vivo subsequentes.

Palavras-chave

nanoencapsulação
melanoma
nova quimioterapia

Financiador do resumo

FAPESP (2022/15832-0, 2020/09270-4, 2018/13877-1, 2020/06613-8, 2022/05133-8, 2015/17177-6), CNPq (130248/2023-1; 404518/2021-4; 440472/2022-9) e CAPES (código de financiamento - 001).

Área

Estudo Clínico - Tumores Cutâneos

Autores

RODRIGO DOS ANJOS MIGUEL, GYOVANNA MARIA ALMEIDA NASCIMENTO, AMANDA SOARES HIRATA, LUCIANA COSTA FURTADO, DANIEL FELIPE FREITAS DE JESUS, KELLY ISHIDA, LETICIA VERAS COSTA-LOTUFO, LUCIANA BIAGINI LOPES