Dados do Trabalho


Título

A inibição do Complexo Repressivo Polycomb 2 (PRC2) potencializa a atividade antitumoral de células CAR-T anti-CD19

Introdução

As neoplasias hematológicas representam condições clínicas desafiadoras, com altos índices de morbimortalidade. Recentemente, a terapia com células T com receptor de antígeno quimérico (CAR-T) surgiu como uma opção de tratamento para algumas malignidades hematológicas. Entretanto, uma parcela considerável dos pacientes ainda é refratária ao tratamento. Logo, estratégias alternativas capazes de melhorar a função antitumoral das células CAR-T fazem-se necessárias, a fim de se obter maior eficácia no tratamento de neoplasias hematológicas.

Objetivo

Mostramos anteriormente que a inibição do Complexo Repressivo Polycomb 2 (PRC2) em linfócitos T CD4 favoreceu o perfil Th1, associado com maior controle tumoral. Assim, hipotetizamos que a inibição do PRC2 em células CAR-T poderia potencializar as suas atividades antitumorais in vitro e in vivo.

Métodos

Avaliamos inicialmente a atividade modulatória de inibidores de diferentes subunidades do PRC2 (A395 e GSK343) sobre a função efetora de linfócitos T CD8 humanos isolados a partir de PBMCs de doadores saudáveis (CEP 2710/19). Além disso, desenvolvemos um sistema de células CAR-T anti-CD19 in house, as quais foram tratadas com os inibidores de PRC2 ou com os seus respectivos controles. Para avaliação do potencial citotóxico, células CAR-T anti-CD19 tratadas ou não com inibidores de PRC2 foram mantidas em co-cultura com células Nalm-6 CD19+, uma linhagem de LLA-B. Para a análise da atividade antitumoral in vivo, células CAR-T anti-CD19 tratadas ou não com inibidores de PRC2 foram transferidas para animais NSG previamente inoculados com Nalm-6 CD19+. Por fim, para avaliarmos o efeito da inibição do PRC2 num contexto clínico, células CAR-T anti-CD19 derivadas do produto de infusão de pacientes com LLA-B e linfoma Não-Hodgkin foram estimuladas e tratadas in vitro com os inibidores epigenéticos.

Resultados

Observamos que a inibição do complexo PRC2 aumentou a frequência de células TCD8 expressando marcadores de ativação (CD25 e CD69) e citotóxicos, como a granzima B. Ademais, a inibição do PRC2 induziu um perfil de memória efetora e diminuiu a frequência de marcadores inibitórios, como PD1. Nas células CAR-T anti-CD19 geradas in-house, o tratamento com os inibidores GSK343 e A395 também favoreceu o aumento da expressão de mediadores antitumorais, potencializou o perfil de memória efetora e reduziu a expressão de PD1. Além disso, em comparação com os grupos controles, as células CAR-T anti-CD19 geradas in-house e tratadas com inibidores de PRC2 eliminaram as células de LLA-B mais eficientemente in vitro e in vivo, o que refletiu em aumento da sobrevida global dos animais. De modo semelhante, a inibição do complexo PRC2 em linfócitos CAR-T derivados de pacientes tratados no A.C.Camargo resultou em um aumento da expressão de marcadores associados à ativação e à citotoxicidade celular.

Conclusões

A partir de caracterizações envolvendo ensaios in vitro com linfócitos T CD8, ensaios in vitro e in vivo com células CAR-T geradas in-house e ensaios in vitro com células CAR-T derivadas de pacientes, mostramos que a inibição do complexo PRC2 potencializou a atividade antitumoral dessas células. Portanto, nossos resultados sugerem que a inibição deste complexo pode ser uma abordagem terapêutica promissora no tratamento oncológico.

Palavras-chave

Linfócitos TCD8+, Epigenética, células CAR-T

Financiador do resumo

FAPESP, CAPES, CNPq

Área

Pesquisa básica / translacional

Autores

Maria Leticia Carvalho, Clara Andrade, Amanda Rondinelli, Gabriela Kinker, Mariela Piccin, Pedro Pereira, Glauco Vitiello, Luiza Abdo, Karina Hajdu, Emmanuel Araujo, Alexandre Chaves, Arianne Gusmão, Vladmir Cordeiro, Martín Bonamino, Tiago Medina