Dados do Trabalho


Título

LINFOMA DIFUSO DE GRANDES CÉLULAS B / LINFOMA DE CÉLULAS B DE ALTO GRAU COM REARRANJO DE MYC E BCL2 TRANSFORMADO DE LINFOMA FOLICULAR - UM RELATO DE CASO

Introdução

O Linfoma Folicular é o tipo de linfoma indolente mais frequente e se caracteriza por variável curso clínico. É uma neoplasia originada de células do centro germinativo e que em cerca de 80-90% dos casos está associada à translocação t(14;18)(q32;q21). A transformação histológica do Linfoma Folicular para um Linfoma não-Hodgkin agressivo ocorre em cerca de 2 a 3% dos casos/ano e está tipicamente relacionado a um pior prognóstico. Essa agressividade está relacionada à expressão aberrante do Bcl2, levando ao aumento da resistência apoptótica, e à ativação de MYC, levando à proliferação celular. Dessa forma, desde a revisão de 2016 da WHO, esses casos passaram a ser designados como Linfoma difuso de grandes células B / Linfoma de células B de alto grau com rearranjo de MYC e Bcl2.

Objetivo

Homem, 52 anos, com queixa de astenia, linfocitose e linfonodomegalia inguinal bilateral. Biópsia de linfonodo evidenciou CD20 e PAX5 positivos em nódulos foliculares, além de CD10, Bcl2 e Bcl6 positivos em células atípicas nos centros germinativos. Foi diagnosticado como Linfoma Folicular grau II. Paciente evoluiu com retorno de linfonodomegalias inguinais. Nova biópsia linfonodal evidenciou PAX5, CD10 e Bcl2 positivos, CD20, Bcl6 e c-MYC negativo, Tdt positivo em parte das células e um Ki67 de 70%. O caso foi encaminhado para realização de FISH, que evidenciou translocação do MYC e Bcl2.

Métodos

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Resultados

A transformação de um Linfoma Folicular em um Linfoma de Células B de alto grau está relacionado à aquisição de mutações recorrentes devido à aberrações cromossômicas estruturais com pontos de interrupção nos loci Bcl2 e MYC. Essas alterações conferem agressividade ao linfoma, levando a uma taxa de mortalidade maior do que a frequentemente vista em um Linfoma Difuso de Grandes Células B de novo, além de que a maior partes dos pacientes já são diagnosticados numa fase avançada da doença. Essa transformação abrange um amplo espectro morfológico e imunofenotípico e essa grande variação torna a padronização de um tratamento um grande desafio prático. Com os avanços das técnicas de imunoistoquímica e FISH, a incidência dessa neoplasia tem aumentado gradativamente, ainda que rara, com uma taxa de 2-3% ao ano e geralmente depois de 40-60 meses após o diagnóstico inicial. Essa transformação em geral, é relacionada com idade avançada, sexo masculino, alterações de captação no PET-CT (SUV>5), presença de hipercalcemia e um LDH acima do esperado. O perfil imunoistoquímico expressa antígenos de células B, como CD20 e PAX5. O CD10 e o Bcl6 são positivos na maioria dos casos, e o MUM1 numa frequência menor de casos. Grande parte dos casos apresenta também positividade para Bcl2 e cMYC. O índice proliferativo é alto, porém um baixo índice proliferativo não exclui o diagnóstico.

Conclusões

O Linfoma de Células B de Alto Grau transformado de um Linfoma Folicular ainda é uma entidade desafiadora e que exige rapidez na investigação. O aumento da utilização das técnicas de imunoistoquímica e de FISH favorecem a detecção correta da patologia e o diagnóstico precoce. Assim, o tratamento pode ser instaurado, aumentando o tempo de sobrevida desses pacientes. São necessários ainda mais estudos a fim de encontrar tratamentos mais eficazes e por isso a compreensão da patogênese da doença é urgente.

Palavras-chave

LINFOMA; MYC; BCL2

Área

Estudo Clínico - Tumores Onco-Hematológicos

Autores

ALINE DE MELO LACERDA, LEANDRO LUIS LOPES FREITAS